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quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Do vinho ainda mais amargo




Um movimento artístico nascido em um Cabaré batizado de “Cabaré Voltaire”, criado por desertores da Grande Guerra na cidade de Zurique, Suíça no ano de 1915. Dadaísmo, vindo do termo francês para designar cavalo de madeira – dada.

O dadaísmo é uma corrente artística de vanguarda de conteúdo anarquista que visava o rompimento com a lógica das obras de arte. De caráter antirracional, combinando ironia, pessimismo, irreverência e até certa ingenuidade o movimento começou a alcançar outras cidades dentro e fora da Europa como Colônia, Barcelona, Berlim, Hanôver, Nova York e Paris.

O manifesto do movimento foi escrito por Tristan Tzara que só reforçava a falta de lógica no movimento – o dadaísmo queria criar uma camada de confusão, desafiar a lógica e o tradicionalismo do mundo formal, combater a arte dos acadêmicos. A contradição também se faz presente no movimento, afinal “o verdadeiro Dadaísta é anti-Dada. Todas essas questões só reforçam a quebra do tradicionalismo lógico do dadaísmo.

A maioria das obras artísticas de Marcel Duchamp trazia uma das marcas do movimento: inserir objetos do cotidiano dentro do movimento artístico. Com esse estilismo pode ser citada a famosa “A Fonte” um urinol de porcelana branco onde em um canto pode-se ler “R. MUTT 1917”. Também como obras do artista podem ser citadas “Escorredor de Garrafas” e “Roda de Bicicleta”. Marcel Duchamp batizou esse estilo artístico de “ready-made”.

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A colagem também fez parte das artes visuais do dadaísmo, mantendo sempre a falta de sentido, irreverência e libertação defendidos pelo movimento. Obras famosas também foram usadas no movimento, como La Gioconda que recebe bigodes – a irreverência e a falta de sentido fazendo-se presentes.

                Foi na literatura que o dadaísmo alcançou o máximo de liberdade e espontaneidade. No último manifesto divulgado por Tzara ele cria uma “receita” para se fazer um poema dadaísta; bastava recortar palavras de um artigo de jornal, misturá-las em um saco, em seguida copiar as palavras para um papel e pronto – nascerá ali um poema de extrema sensibilidade e parecido com o autor, mesmo que incompreendido.

                Nos EUA, na década de 50 surgiu o neo-dada, evocando a estética dadaísta idealizada em Zurique. Robert Rauschenberg, importante nome do neo-dadaísmo tem em sua estética a reunião de objetos, que juntos perdem seus sentidos primários. Em suas obras observa-se uma justaposição de elementos que retornam ao dadaísmo e a arte no meio da guerra – o caos; o nada, afinal dadá é tudo e nada, é confusão e monotonia.

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                Uma das vanguardas negativistas que mais me agrada é o dadaísmo pelo desregramento. Ser dadaísta antes de tudo é ser ilógico, mas usar a razão. O movimento é feito de contradições e preocupa-se sim com o fator da sociedade, mesmo que debochando amplamente dela. Para que a arte se o mundo faz guerra? Para que sentido onde não se precisa – nesse caso no mundo? O que por muitos foi julgado como infantil não era mais nada do que uma crítica à sociedade. Afinal, a guerra em si tem lógica?
Lucas RodriguesNascido no inverno de 92, cursa Letras, mas pretende cursar em breve História da Arte. Ama metal como ama artes plásticas, cinema, preto&branco, livros manifestações culturais populares e musicas regionais. Escuta um pouco de tudo - assim como escreve. Só não sabe se descrever.
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