“Vai minha tristeza / E diz a ela que sem ela não pode
ser / Diz-lhe numa prece / Que ela regresse / Porque eu não posso mais
sofrer”.
(Tom Jobim e Vinícius de Moraes)
Antes de
começar, quero deixar claro algumas coisas. Primeiramente, a confusão de linhas
– torpes pela saudade e pela embriaguez do ser – afirmo categoricamente, é
culpa tua, culpa das estrelas, não sei. Minha mente está confusa demais.
Em segundo
lugar, nunca fui bom com esses negócios de escrever. Além do mais, uma enorme
parte de mim, diz que me embriagou. Drogou-me com todo esse desejo. Terceiro:
De uma forma ou de outra, preciso organizar melhor isso daqui.
Vamos lá.
Escrevo-te,
sem finalidade terrena alguma. Talvez apenas pra sossegar um peito ardente, um
coração em chamas. Talvez seja apenas pra plantar um sorriso bobo no rosto.
Para, talvez, me sentir melhor.
Talvez...
Essa palavra
não existiu em nossas bocas, não é mesmo? Ao menos não enquanto minha estava
junto a tua... Talvez, tantos talvez!
Que palavrinha gozada, capaz de plantar borboletas no estômago e tantas outras
sensações esquisitas, não é mesmo? O desconhecido me assusta, confesso. Quem
não tem medo do que não conhece, certamente, mente.
Porque o
mundo é assim. O mundo tem tantas coisas!
Coisas que a gente já vê e sabe. Coisas que a gente vê e tenta compreender.
Coisas que a gente pode cansar de ver, mas não vai entender nunca. Você deve
ser uma delas. E talvez, seja isso que tanto me convida a te conhecer melhor, te
ter.
Daí penso
coisas bobas quando sentado na janela do ônibus. Encosto a cabeça na vidraça,
deixo a paisagem correr, e penso demais em você. Mas você vai ficando por aí, eu vou ficando
por aqui. O destino sempre evitando. Desviando. E eu sempre pensando se por
acaso, a gente se cruzasse novamente...
E nisso
tudo, quantos pesares, tantos azares...!
Não,
perdoe-me! Azar é de quem não chorou ao som de uma canção de amor. Que não riu
dos pássaros voando por aí. Que não se inebriou com o aroma e com as cores das
flores. Que não riu a cada suspirar. Azar de quem não viveu e sim sobreviveu à
vida.
Azar de quem
amou pouco e com esse pouco nada soube da vida. Azar de quem não te conheceu.
Azar meu, que te conheço, mas não te tenho aqui.
E nisso, vou
ficando, novamente, por aqui, sem teus abraços. Quem sabe a gente se esbarre
por aí. Quem sabe me faz uma canção. Ou me dê um sorriso pra que eu possa te
dizer o quanto esperei por ele. Dizer o quanto te amei e ainda amo.
Do sempre, sempre teu.