Sobre humanas (d)e asas
Amanheceu
feliz, sem olhar no calendário. Não precisava, não hoje. Ela sabia exatamente
que dia era, pois fizera contagem regressiva durante três estações. Era o dia
de reabrir as janelas, de jogar as tralhas fora!
Oh
sim, abençoado dia! Dormiu nua, ainda que estivesse frio. Sabia que acordaria
aquecida. Não levantou da cama, não. Voou direito pro jardim. Não pensem que era
uma fada, não. Era uma humana, dessas com asas.
Asas
que só funcionam neste maravilhoso tempo que se iniciava, assim como humanas
com asas. Sentiu o doce pólen, das tímidas flores que despontavam, grudar em
sua pele crua, e compartilhou das cores de todas elas. Se banhou, se vestiu de suas exuberantes
cores.
Tomou para si os mais doces aromas, e fez o toque da sua
pele tão suave quanto o das pétalas das rosas ali presentes, e quanto aos som
das asas... Era tão brando qur só poderia ouvir aquele que conseguisse a
degustar. Só aquele que conseguisse degustar aquela flor, poderá saber o
verdadeiro sabor da entrada da primavera, mas ninguém pode...
Texto feito para o "Céu Literário", cujo tema do mês era mudança de estação. Confira um poema sobre o outono aqui, sobre a frieza da guerra aqui, ou ainda sobre a morte, aqui. E se for blogueiro, pode se juntar a nós aqui.
Texto feito para o "Céu Literário", cujo tema do mês era mudança de estação. Confira um poema sobre o outono aqui, sobre a frieza da guerra aqui, ou ainda sobre a morte, aqui. E se for blogueiro, pode se juntar a nós aqui.