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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Resenha: Jogos Vorazes (Parte 1)





Como todo mundo sabe, a Decadência é um blog sério, com cronograma, agenda, calendário, posts nos dias certos, regras de montão e uma anarquia vigente, haha. 

Pois como não gosto mesmo de ser previsível e as postagens estavam num ritmo só, resolvi fazer uma coluna com resenha de livros. Vocês podem conferir a resenha de Interligados, que é, intertextualizando o Vitor do InsensatoTeclado, o melhor livro ruim que eu já li.

Não,  não teremos toda semana. Embora eu tenha um grande estoque de livros para ler,  de livros sendo lidos e de opiniões sobre livros que já li, não tenho tempo para falar toda semana sobre todos eles. Então, além dos textos literários toda sexta (dos quais tenho um estoque miseravelmente grande, caso não possa produzir um inédito), vamos ter ocasionalmente uma resenha porque realmente gosto de fazer isso. Peço logo desculpas aos meninos, porque não comuniquei a eles essa vontade de última hora.



Pois bem, dessa vez resolvi falar sobre Jogos Vorazes, o super-ultra-mega best-seller de Suzanne Collins. Talvez até fale alguma coisa sobre o filme também, com uma comparação aqui, outra ali, enfim.

Jogos vorazes foi um livro que li em seis horas. A última vez que fiquei seis horas seguidas lendo um livro foi com Harry Potter, que é até hoje a minha saga fantástica preferida, muito embora  O Senhor dos Anéis prime por uma qualidade maior. Mas por que estou falando isso mesmo?

Voltando a Jogos Vorazes, temo que muito dos fãs espalhados por aí tenham uma ideia errada do que é o livro.

Vou explicar: o livro de Suzanne Collins tem uma complexidade muito maior do que o simples romance adolescente com triângulo amoroso que as pessoas estão acostumadas a gostar, e que acaba sendo o foco de muitos fãs que só querem saber com quem Katniss vai ficar no final.




     Contexto cultural, histórico e... que subtítulo chato, caralho.


O livro se passa num cenário pós-apocalíptico, um país chamado Panem, que fica localizado onde eram os Estados Unidos. Ele é dividido em 12 distritos, que produzem matéria prima e produtos para exportar para a longínqua cidade de Capital (ou Capitol, dependendo da tradução), onde eles vão desfrutar desses benefícios dados pelos distritos e em troca mandar tropas para lá, garantindo que não haverá rebelião. Enquanto isso as pessoas vão morrendo de fome e a Capital, ou o Capitol, para os tradutores chatos, praticamente ignora esse fato e só pensa em manter o domínio sobre os territórios mais pobres.

 Pausa. Preciso comentar esse fato.

Collins destrói o cenário atual dos Estados Unidos e constrói outro país por cima. Contudo, se você for analisar, eles ainda estão ali. O luxo desnecessário, o nacionalismo exacerbado, o controle sobre os mais pobres, a riqueza de um local contrastando com a pobreza de outro... está tudo aí. Mas tudo bem, leitoras de Crepúsculo e House of Night, vamos adiantar que mais pra frente tem romance.

Katniss Everdeen, a personagem principal da trama, vive no Distrito 12, que é o mais pobre de todos. Eles fornecem carvão para a Capital (Capitol, Caralho, baaah) e, em suma, comem muito pouco. Ao redor do distrito tem uma floresta, onde as pessoas não podem entrar, mas Katniss e seu amigo Gale vão mesmo assim, pois precisam caçar para alimentar a família pobre.

Romance? Quem sabe. Katniss diz que não tem nada com Gale, mas todo mundo percebe na narração que pode rolar um clima entre eles. Sem falar que Gale é um cara bonito, forte, másculo, que arranca suspiros das garotas... Pausa novamente.

Ok, ele é tudo isso, mas também é um rapaz trabalhador, jovem, que sustenta sua mãe e seus irmãos porque seu pai morreu, deixando sua mãe grávida com uma cambada de filhos. Então ele teve que ir praticar caça, o que era proibido, para garantir a sobrevivência. Mas, claro, ele é lindo, então que importa o resto? Nada de crepuscolizar, ok?

Então chega a parte de falar dos Jogos. Como eu disse, o Capitol, a Capital, ou a Casa do Car... Enfim. Eles querem manter o controle sobre os distritos, mas apenas forças armadas não segurariam a população. Então o que eles promovem? Os Jogos Vorazes.

TADÃÃÃN!

Moranguinho do Nordeste, o que são os Jogos Vorazes?

Os Jogos Vorazes são um reality show dirigido pela Capital, onde um menino e uma menina de cada distrito, entre 12 e 18 anos, são sorteados para lutarem em uma arena até a morte. O que sobreviver, será o vencedor e então ganhará muito dinheiro e fama. Mas por que isso? Para mostrar às pessoas que a Capital tem o poder sobre eles, que pode tomar todo ano duas crianças de cada família e fazer com que elas tenham mortes lentas e dolorosas... E então deixam um vencedor para mostrar que eles são misericordiosos e perdoam. Mais ainda, recompensam.

Capitalismo puro.

Ah, tem um detalhe também. Se você coloca seu nome algumas vezes mais para o sorteio, ganha suprimentos de grãos e óleo. Katniss tinha seu nome lá 20 vezes e o lindo do Gale tinha 42 (número que por sinal é a resposta à questão fundamental da Vida, o Universo e Tudo Mais, como o Vitor – aquele Vitor lá que citei no começo do texto – fez o favor de me lembrar). Tem todo um sistema envolvido nisso, mas não vou explicar aqui. Se quiserem, leiam o livro.

Então vão todos para a praça ver o sorteio e saber quem vai ser o defunto Tributo da vez. E quem é selecionada? A pequena Primrose Everdeen, irmã mais nova de Katniss. É uma tristeza essa cena, tanto no filme quanto no livro. Ouso dizer até que a cena do filme é mais emocionante, quase me fez chorar nas três vezes que assisti, e olha que sou feita de pedra.

Katniss, então, se oferece para ir no lugar da irmã. Lógico. E adivinha quem é o garoto que é sorteado para ir com ela? Gale!




Mentira, é um tal de Peeta Merllak que a gente não tinha ouvido ainda falar na história. Ficamos sabendo que tinha uma vez jogado um pão para Katniss quando ela estava morrendo de fome, então tudo bem, galera, ele é bonzinho.



Eles se despedem da família e dos amigos, tudo muito lindo, e vão atrás da taça de quadribol! Não, pera... vão para um trem de luxo onde eles encontram uma coisa que quase nunca tinham visto na vida... comida boa!

Estão lá indo para a Capital, o Capitol, a Capitania de Pernambuco ou o que for, com Effie Trinket (uma perua extravagante da Capital que usa uma peruca cor-de-rosa e tem um sotaque enjoado) e Haymitch Abernathy, um bêbado barrigudo que já tinha vencido os jogos uma vez e por isso era o tutor deles.


Gosto muito do Haymitch, ele é irreverente, folgado e tem uma visão de mundo muito melhor do que a de muita gente. Por isso que é bêbado, acho que quando você compreende o mundo, a cachaça é a única saída.

Ele explica para os tributos que eles tem que conquistar o publico, fazer com que acreditem que eles tem chance de ganhar, só assim ganhariam patrocinadores. Os patrocinadores eram geralmente pessoas muito, muito, muito podres de ricas da Capital que mandavam alguma coisinha para o tributo que estava na arena. Isso podia ser uma caixa de fósforo, uma garrafinha de água, um remédio... e então isso caía de para-quedas para o tributo e poderia até salvar a vida dele.

Pausa.

Genial, não? Essa autora é demais! Veio para mostrar como as aparências, a mídia, tudo é uma questão de autopromoção numa sociedade capitalista onde tudo é fama e dinheiro. Eu faria uma análise mais detalhada seguindo por esse ponto, mas provavelmente ficaria tão chato que nem minha professora de sociologia teria saco para ler.

Então eles chegam à Capital, ou Capital, vulgo Coréia do Sul, onde a tecnologia de ponta é uma loucura e as pessoas usam roupas e cabelos coloridos e brilhantes. Outro mundo, com certeza. Katniss toma seu primeiro banho de chuveiro e conhece a sensação de ter energia elétrica o tempo todo (no distrito eles só tinham eletricidade duas horas por dia).

Os drag queens figurinistas (sim, os tributos tinham figurinistas) eram criaturas bizarras, mas Cinna, drag figurinista de Katniss, não é tão fatality, embora no filme a figurinista de Peeta parecesse uma nega maluca. Logo eles ficam amigos e ele ganha a confiança dela.

Tá, então eles aparecem para o público, a roupa deles arrasa e eu não vou estragar a surpresa da roupa porque é muito massa, vocês tem que ver e... Mentira, vou falar:

Eles ficavam com o rabo pegando fogo. Uhul!

Isso é bom porque, como vocês sabem, o que importa são as aparências. Aparência é tudo em Jogos Vorazes e define o limiar de vida e de morte. Na vida real também, mas ninguém percebe porque a ideia é fazer tudo parecer natural.

Olha eu falando de capitalismo de novo.

Enfim, Katniss arrasa e não para por aí! Chama a atenção dos idealizadores de uma forma muito peculiar que eu não vou contar aqui. Ah, vocês sabem que vou sim: ela atira uma flecha na comida dos manés, há! Isso garante a ela uma excelente nota, a maior nota de todas, por sua atitude.

Peeta também vai bem, caso alguém queira saber. E se vocês pensam que ele está de coadjuvante na história, tirem seus cavalos da chuva, porque ele numa entrevista de repente se declara a Katniss! É muito bonitinho, ele diz que sempre amou uma garota mas ela, como nós, leitores, não notamos ele até os Jogos.

E o entrevistador fala:
– Então você ganha e volta e ela vai ter que ficar com você.
E ele diz:
– Não posso, ela veio para cá comigo.

Ok, não foram essas palavras, mas foi esse o estilo. Captaram o espírito da coisa?

Então Haymitch, que como eu disse tem uma visão panorâmica do mundo, resolve promover essa história de casal desafortunado para que eles caiam nas graças do público e consigam patrocinadores.

Pausa.

Só parei pra declarar meu amor ao Haymitch. Te amo, Haymitch!


Bom, esse foi basicamente o treinamento e a promoção deles. Tudo isso, dias de preparação para a Arena. Emocionante e belo, e é por aqui que vou parar. Logo faço a continuação até o final da história, mas agora minha bunda está doendo de tanto ficar sentada nessa cadeira, que por sinal é inapropriada para alguém ficar sentado muito tempo e está acabando com a minha coluna.

Acho também que já dei spoilers suficientes, então acho que chega deles, não é? Ou seja, se ainda não leu ou não assistiu, fique longe da continuação dessa resenha (sim, eu sou uma escritora que pede para não lerem minhas coisas) e, como diria o meu querido Haymitch:

– Fiquem vivos.



Sobre a Autora:
Érica Prado Érica Prado tem 16 anos, pretende cursar história, ouve metal e reclamações o tempo todo. Gosta de coisas fáceis tipo miojo e, portanto, não gosta da vida. Não, você não pode simplesmente gostar dos dois.
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Comentários
2 Comentários

2 comentários:

Samuel Martins disse...

seu sarcasmo abrilhanta qualqer coisa.... Gostei!

Coletivo Poesia Marginal disse...

Novamente, eu sei que você me ama, Sansa.