Andarilho!, viajante!, a estrada abaixo de ti se estende até
encontrar o céu no horizonte; o firmamento se derrete em vinho, como se uma
canção de bardo tocasse para fechar os olhos do dia e deixá-lo adormecer.
Ouça a canção do pôr do sol, fantasmas de eras inacabadas
sussurram com o vento e agitam as folhas secas que quebram sob teus pés
cansados. E o tempo, que é sempre mesmo, debruça-se, deita-se, esparrama-se,
faz o universo de leito e então desliza como o tecido mais fino da mais fina
veste. Veja-o despencar sem nunca chegar ao chão; veja o tecido deslizar diante
de teus olhos antes que eles enfim se fechem.
Esquece o que já se foi – há sempre novas estampas para
serem contempladas.
Aqui é onde tuas feridas serão curadas; aqui é onde o céu se
deita; aqui é onde o suspiro das almas viram a canção de teu descanso e as
flores se tornam teu leito.
Por cada minuto, em tributo ao tempo; por cada pôr do sol
escarlate; por cada lembrança de noites primaveris, dispa sua armadura e
deponha suas armas. Prepare-se para dormir.
E, como dos dezembros nascem os janeiros, das eras passadas
nascem as novas eras.
O som do vento a ensaiar um chamado revela o momento. De
tristezas jaz o ontem, mas o amanhã pode ser repleto de alegrias. Veja!, o
crepúsculo já não brilha mais; a noite consumiu o dia para sempre. Talvez agora
possamos enfim contemplar as estrelas.
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Érica Prado tem 16 anos, pretende cursar história, ouve metal e reclamações o tempo todo. Gosta de coisas fáceis tipo miojo e, portanto, não gosta da vida. Não, você não pode simplesmente gostar dos dois. |