― ‘Em’? Quem é ‘Em’?
― Todo mundo chama você de Em. Eu ouvi.
― É, os meus amigos
me chamam de Em.
― Então, posso te chamar de Em?
― Vai nessa, Dex.”
Nome: Um Dia
Autor: David Nicholls
Avaliação: ★★★★★
Páginas: 416
Editora: Intrínseca
“Dexter
Mayhew e Emma Morley se conheceram em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte,
após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas,
depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro. Os
anos se passam e Dex e Em levam vidas isoladas - vidas muito diferentes
daquelas que eles sonhavam ter. Porém, incapazes de esquecer o sentimento muito
especial que os arrebatou naquela primeira noite, surge uma extraordinária
relação entre os dois. Ao longo dos vinte anos seguintes, flashes do
relacionamento deles são narrados, um por ano, todos no mesmo dia: 15 de julho.
Dexter e Emma enfrentam disputas e brigas, esperanças e oportunidades perdidas,
risos e lágrimas. E, conforme o verdadeiro significado desse dia crucial é
desvendado, eles precisam acertar contas com a essência do amor e da própria
vida.”
E aqui estou eu escrevendo uma resenha numa madrugada de
sexta-feira. O livro da vez é o famoso e muito bem criticado Um Dia, do também
roteirista David Nicholls, que se mostrou um romance atemporal muito moderno e
sedutor.
Depois de perceber que o livro se encontrava em tantas
estantes e que as críticas à cerca dele não poderiam ser melhores, decidi
desembolsar uma pequena quantia e comprar o título, e posso dizer que o
dinheiro foi bem gasto. Com algumas ressalvas, mas ainda valeu cada centavo. No
geral, estou bastante orgulhoso da compra, pois não costumo me interessar tanto
por romances “reais” assim. E juro, eu fiquei esperando algum dragão aparecer,
ela [Emma] virar uma bruxa, ou ele [Dexter] ter dedos mágicos no lugar dos mamilos,
pois me acostumei bastante à fantasia, e isso talvez seja ruim.
A arte da capa por si só já é atraente. Mesmo sendo
utilizada uma foto promocional do filme, com a maravilhosa Anne Hathaway e o
até então irrelevante Jim Sturgess num beijo sincero, terno e muito envolvente,
não deixa de ser chamativo (embora eu prefira a capa original).
Nele, nos vemos dentro da cabeça tão complexa dos dois
personagens principais: Dexter Mayhew e Emma Morley, que se conhecem depois da
formatura, e passam a partilhar momentos bastante singulares. A partir daí,
parece ter acontecido um tipo de ligação mística, inexplicável e abrasadora,
que os aproximou de tal forma que é praticamente impossível passar o dia sem
pensar um no outro. E em todo dia 15 de julho de cada ano, durante vinte anos,
a história deles é contada pelo autor. E não pense que o fato de saltar de ano
e ano, pulando várias partes da história dos dois é algo ruim. Na verdade, a
criatividade de Nicholls nesse aspecto pode ter sido o grande ponto positivo na
leitura.
Emma é uma personagem inteligente, irreverente, um tanto
crítica e até sedutora ao seu modo. Dexter por sua vez, é um galã da faculdade,
vindo de uma classe alta e bastante confiante de si mesmo, para não dizer
metido. Dex e Em, Em e Dex. Um casal que tem muito potencial, e que é capaz de
te prender muito durante a leitura. Eles são tão grandiosos, críveis e sinceros
em seus sentimentos, que você parece conhecê-los, partilhar de seus sofrimentos,
sentir o que sentem e entender o que pensam. É um ponto muito interessante, e difícil
de encontrar hoje em dia. Isso somado à narrativa original, moderna, engraçada
e que flui bastante bem, já te faz ir correndo comprar um exemplar.
O autor foi inteligente em conseguir mostrar todas as
mudanças sentimentais, físicas e na vida pessoal dos personagens durante os
anos que se passavam, e poucas lacunas foram encontradas. Eu conseguia visualizar
tudo de forma fácil, pois ele foi bastante detalhista em relação a isto.
Um problema grande foi o exagero nas referências musicais, culturais,
políticas e históricas que eram comumente encontradas, e que poderiam até mesmo
enriquecer o texto, se não fossem usadas com tanta demasia. É preciso estar
bastante inteirado de tudo para ter uma noção exata do contexto. Nas ambientações,
por exemplo, era complicado, pois ele, algumas vezes, resumia a descrição à
somente o nome de uma rua. Outro fator negativo foi a constante mudança de ponto
de vista, que em alguns momentos me confundiu.
Achei bastante frustrante, e você deve entender do que eu
falo durante a leitura. Todo o livro é bastante cru, embora muito engraçado,
triste em muitos momentos, e parece muito a vida real mesmo. Talvez real até
demais.
Ele não entra no meu TOP, mas com certeza foi uma boa
leitura, bastante leve, com piadas muito bem pensadas, e se você é uma daquelas
pessoas de faz lista das “coisas para se fazer antes de morrer”, acrescente “ler
Um Dia”, pois vale muito a pena. Creio que farei uma releitura quando tiver com
meu 30 ou 40 anos, pois realmente sinto que vai ter uma sensação nostálgica. ^^
Acho que acabei falando demais... ou não. Mas quero que
entenda que você provavelmente não irá morrer de amores por Um Dia, mas com
certeza ira adorar cada página lida.
Não que alguém se importe, mas João é um sonhador, no começo de seus 15 anos, que só pensa em fazer Jornalismo e ter livros em todas as estantes do mundo. Isso mesmo, do MUNDO. |