Home

domingo, 25 de novembro de 2012

Sophie




1 de Dezembro de 1948. Ela pisou em suas terras novamente. Seus pés pareciam sentir que estavam em casa. Tirou as sandálias velhas a fim de sentir a terra nos pés. A sensação era boa. Respirou fundo. O ar que já não era tão puro adentrou os seus pulmões. Não era puro, mas era o ar de casa.

Seus sentimentos eram uma mistura de felicidade, nostalgia, êxtase, saudade e tristeza. Fora ali naquele vilarejo que vivera os melhores e piores momentos da sua vida. Os piores momentos da sua vida...

Abaixou-se e agarrou as pernas em formato de concha. Os longos cabelos ruivos arrastaram-se pelo chão terroso. Algo que estivera em sua mão a momentos atrás caiu à frente.


Os piores dias da sua vida... Os piores dias... Da sua vida... Sua vida...


Lágrimas transparentes escorriam e limpavam a sujeira que o vento soprou para o rosto da jovem mulher. Suas mãos largaram as pernas e subiram aos ouvidos, tapando-os com força como se a intensidade da mesma pudesse influenciar no bloqueio dos sons.


Não, Não... Por favor, ela não... Ela não... Ela não... Ela não...


A garota mantinha os olhos fechados, sem querer ver o que a esperava do lado de fora. As mãos tremiam, talvez pela força depositada nelas, talvez por causa do choro. Seus lábios se moviam, formando palavras que não deveriam ser audíveis nem para alguém que estivesse muito próximo dela. “Por favor, não. Por favor, não.” Ela repetia e tornava a repetir.


AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!


Subitamente, ela gritou. “Pare, por favor, pare!” Mais lágrimas. E tão de repente quanto veio o grito, veio o silêncio. A garota abriu os olhos. Estava tudo bem, eles nunca mais iriam tocar nela. Estava tudo bem.

Estava tudo bem. Exceto que essa garota ouvia vozes.



Sobre o Autor:
Lisandra S. Bernardo Lisandra S. Bernardo tem 15 anos e gosta de chocolate, cinema e romance. Também curte abraços, fantasias e sorrisos, só não curte não ser feliz.
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário: