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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

sobre ano novo e células velhas



Não que eu procurasse alguma coisa. Mas deveria procurar. Encontros ocasionais não me sustentarão para sempre. Eu não posso sobreviver da caneta achada debaixo da almofada do sofá. Eu não posso viver para sempre do que estava o tempo todo em cima da mesa.
Então eu deveria procurar alguma coisa. Um emprego, talvez. Ou as verdades que nunca acabam. Eu deveria ficar consciente quando coloco algo sobre a mesa. Pegar, não achar. Não comprar outro. Não deixar pra lá. Começar algo novo. Continuar algo velho. Deixar para depois o deixar para depois. Guardar no lugar certo. Deixar de pensar sobre o mundo. Deixá-lo pensar sobre mim.
Não.
Sou eu quem deve saber. São as coisas perdidas que preenchem meus espaços vazios. São as coisas que deixo para lá, são as células mortas, são planta morta no vaso, são o leite derramado. Eles que vão me fazer procurar coisas novas, produzir novas células, plantar uma flor viva, esquentar um novo leite.
Novo, novo, novo. Não é no fim do ano que as coisas morrem para renascer. É todo o tempo. É toda a vida. É a vida. A vida. Vida. Ida.
Partida. Joguemos uma partida de vida. Vida partida. Cheia de partidas. Idas.
Do que vai-se embora que é para não estragar o mundo se ficar tempo demais nele.


Sobre a Autora:
Érica PradoÉrica Prado tem 17 anos, gosta de coisas fáceis tipo miojo, física, literatura e mudar o mundo.

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