Chutando Macumba, quebrando Santos e Judiando
Essa postagem não tem fins literários, são apenas minhas considerações sobre respeito e ofensas religiosas, em resposta ao vídeo linkado no final do post.
Na ultima edição do programa"Na moral"(Até a data de postagem deste texto, 04/08/2013), da rede globo de telecomunicações o tema de discussão foi o estado laico, com representantes de algumas religiões (ou subdivisões da mesma) e também um representante dos ateus. O programa teve certa repercussão, sendo comentado por Bernado Lopes em seu vlog. Embora eu deva citar pontos cruciais das opiniões, é recomendável que os assista aqui e aqui, respectivamente, para melhor compreensão.
Respeito é uma palavra relativamente comum em nosso cotidiano, mas se cada leitor deste post resolver explicar o que significa, teremos um número de explicações igual ao número de leitores. É comum, em discussões dos mais distintos temas (em especial, a trindade sagrada futebol, religião e politica) em certo ponto algum dos participantes pedir respeito. Em geral isso significa só uma coisa: pare de contradizer as minhas ideias. Claro que isso não é feito por debatedores de alto nível, que naturalmente vão para discussões para ter seus pontos confrontados e dispostos a mudar de ideia, porém nem por isso podemos descartar esse significado.
Fora do âmbito de um debate é mais comum usar
respeito significando
não ofender o outro. O problema é que, qualquer um que estudou funções de linguagens sabe que uma fala não tem significado apenas de acordo com a mensagem, depende também do canal, do contexto, do código e, principalmente, do emissor e do receptor. Os problemas começam aqui, se considerarmos apenas o emissor e o receptor, temos quatro possibilidades (O primeiro não quis ofender e o segundo não se ofendeu; o primeiro não quis ofender, mas o segundo se ofendeu; o primeiro quis ofender, mas o segundo não se ofendeu; o primeiro quis ofender e o segundo se ofendeu.). Se inserirmos os outros elementos da comunicação, podemos ter diversas variáveis, com as quais não da para trabalhar. Vamos a alguns exemplos práticos:
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A quebra de santos - que foram comprados pelos seus destruidores unicamente para este fim - durante a marcha das vadias foi uma
ofensa gratuita a religião católica, certo? Não necessariamente. O ato é simbólico, creio que isso seja incontestável, a questão é, não pode ser interpretado como uma forma de demonstrar aos católicos o que eles fazem, ao condenar muitos dos presentes na marcha ao inferno, baseado num livro que cultuam? Não pode ser tudo uma metáfora? Isso não torna nada menos ofensivo, mas justifica a ofensa.
Deve ser passível de punição uma ofensa justificada?
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Destruir um despacho ou oferenda denota despeito ou desprezo por aquele que o fez, certamente, mas será certo colocar algo assim em um local público? É sempre importante comparar com um simbolo mais comum, por exemplo, uma vela, ou um santo. Nesse caso, haveria tanto problema quanto à oferenda? A partir da hora em que é posto num local público, a oferenda continua dizendo respeito a quem a fez? Ela, se diz respeito a quem é ofereceu,
devemos respeitar o que não acreditamos? Independente das respostas a esses questionamentos, o autor do despacho ou qualquer membro de sua religião pode se ofender, já que isso não é algo racional. Por esse motivo, adeptos de outras religiões podem se ofender com a oferenda,
esses tem o direito de defender representações católicas em repartições públicas?
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Você sabe a origem do verbo "Judiar"? Como estamos falando de judeus não deve ser difícil de entender, colocarei aqui dois significados da expressão e no final do texto colocarei um trabalho mais amplo, detalhado e melhor pesquisado a respeito.
"Vamos à analise dos termos judiar, judiação e judiaria. O primeiro, como poucos sabem, aí incluindo os próprios judeus, significava "maltratar os judeus". Era um verbo intransitivo. O objeto direto estava subentendido. Hoje, judiar, pela semelhança do vocábulo com judeu, judia, Judas e Judá, cria uma natural associação de idéias, considerando o judeu como o agente da crueldade. Curiosidade: Tornou-se verbo transitivo indireto. "Judiaram dele". É claro que, se o verbo pede um complemento na afirmação, está subentendido o agente"
É uma expressão de uso comum nos meus ciclos de amizade, embora
eu procure evita-la sempre que possível. Isso só vai ofender quem possui esse conhecimento - em sua maioria judeus, mas porque não de outras crenças e descrenças? -, mas ainda assim imagino ser uma quantidade razoável. Se for, justifica você parar de usar a palavra? E se for apenas um, ainda assim justifica? E se ninguém souber, apenas você, ainda considera uma expressão ofensiva?
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A minha intenção em demonstrar que adultos podem se ofender com coisas que não são dignas de punição não tem a intenção de defender o direito de ofendermos uns aos outros, a ofensa gera mal estar psicológico no ofendido,mas com base nisso, devemos punir alguém por ofender sem poder provar (deixando de lado ou não a dedução lógica) que era sua intenção? E, a mais importante das perguntas, e se pudermos provar?
Phillip Pullman já nos respondeu, responda você também.
http://www.youtube.com/watch?v=qMT_p9Tb-ME