"Todos esses meses de autocontrole, de recusa do amor,
resultaram exatamente no oposto:
deixar-me levar pela primeira pessoa que me
deu uma atenção diferente."
(Paulo Coelho)
Se eu
pudesse te amar, gostaria que fosse devagarinho, mas seria urgente, porque é
urgente a falta de ti ao meu lado. Seria urgente como a saudade que não me
permite esquecer-te nem mesmo durante as aulas de Geografia, quando me perco no
mundo ao tentar me encontrar no mapa do teu corpo e imaginar-me a aventurar-te.
Se eu
pudesse te amar, gostaria que fosse “de mentirinha”, só para poder esquecer com
mais facilidade depois de te ver partir. Mas seria de verdade, pois não aprendi
a amar pela metade. Meu amor é inteiro e exato, porque eu sempre gostei de
Matemática e de me afundar nos números como me afundo em você.
Se eu pudesse te amar, gostaria que
fosse por querer, mas seria sem querer, porque do teu lado perco o controle de
mim com a mesma facilidade com que perderia o controle da TV, se eu a
assistisse. Mas não assisto, em vez disso assisto a ti, a (des)amar-me e
desarmar-me, para desespero do meu coração.
Se eu pudesse te amar, gostaria que
fosse constantemente, só pra não ter que sentir a saudade que hoje me dói o
peito. Mas seria inconstante, porque és de Tão, Tão Distante, e não tem dó do
meu amor, que há muito tempo já levou, surripiando-o como um ladrão.
Se eu pudesse te amar, gostaria que
fosse todo dia, mas seria só quase sempre, porque meu amor é contraditório e
também quer te odiar. Então quase sempre eu te amo e quase nunca eu te odeio;
quase nunca eu odeio a forma como você me machuca e quase nunca eu odeio a
forma como você me corrói.
Se eu pudesse te amar, gostaria que
fosse correspondido. Só para evitar tanta dor. Mas não seria, seria amor de um
só gume – porque amores possuem gumes –, e meu amor é egoísta. Não pensa em
você, só pensa em mim. E se todos os amores do mundo forem egoístas, mesmo
assim eu não teria chance, porque o Universo não conspira a meu favor e nem
gira em torno de nós dois.
Se eu pudesse te amar, gostaria que
fosse simples, mas seria complexo. Porque
não existe raiz de número negativo, e eu sou negativa, você é a raiz e o nosso
amor é imaginário.