Era triste te ver sumir todos os
dias e ficar meio vazia e sem saber o que fazer. Era chato toda essa hesitação
toda vez que me dava vontade de bater um papo contigo. Era um sufoco enorme que
eu queria reprimir, porque eu achava que reprimir era resolver.
Ledo engano!
Era um vai-e-vem de coisas velhas
na memória e na falta dela, era uma ânsia ou um vício, o meu próprio modo de
suplício, era uma coisa errada que esmagava e eu deixava... e eu deixava... Era
silêncio, era choro, era vela, era um pouco de cautela, pra poder tentar lidar
com você. Era noite, era dia, era o limbo e o indefinido. Era foda.
Era tanta coisa, que não era
amor.
Era dúvida ou pornografia, era
uma nova forma de selvageria.
Era tanta coisa, que não era
amor.
Era o grito nunca gritado, era só
pra te deixar irritado, era só fogo no rabo mesmo. Era tudo puro engano, foi um
acidente que não fazia parte do meu plano.
Era tanta coisa, que não era
amor.
Era ficar de madrugada fazendo
poesia porque não dava pra fazer de dia.
Era tanta coisa, que não era
amor.
Era ouvir a própria voz e não
saber de onde vinha, era ter que lidar com tudo isso sozinha.
Era tanta coisa, que não era
amor.
Era cisma, era tormento, era
tentar esquivar-me do lamento. Era dispersão a todo momento, era vontade de
brigar e de odiar com força.
Era tanta coisa que eu nem sei se
ainda é!
Era. Tanta. Coisa.
Era tanta coisa que eu nunca
ousei chamar de amor.
Porque não era amor. Era um monte
de coisa.
Só que ninguém liga pra essas
outras coisas que não são amor. Ninguém entende, ninguém dá nome, ninguém sabe
o que fazer ou onde enfiar.
(eu poderia te dizer onde
enfiar...)
Acho que é necessário que, pra
saber lidar com isso de alguma maneira, criemos termos e definições pra tudo
isso. Pra esse monte de coisa que não era amor.