Queria ser poeta de versos, de
frases soltas e palavras concisas, de tudo ou nada, de preto ou branco, de
morte ou vida; queria ser poeta de dramas, de choros e de velas, de quedas e de
amor; poeta de gritos e de angústias, poeta de mundos e de clamores. Queria ser
poeta-pássaro, que canta, que voa, que plana e vai pousar na cabeceira – ou
poeta-cervo, que simplesmente morre e vira tinta e pinta a parede e corre, e
escorre pelos cômodos do tempo como se fosse rupestre; queria ser poeta de
rimas, de cores, de luzes, de circos, de horrores; ser poeta-vento, que se mete
e se repete onde quer que se vá e é um só em todo canto; queria ser poeta de
uma vida só, de uma palavra só, de uma só mão, de um só corpo, de uma só
estória, de uma só prisão de uma só alcova; queria ser poeta-canção, que escoa,
que ecoa, que se repete sem razão; que
queima, explode, implode dentro de cada um; poeta de despensa, que se guarda,
que se esquece, que se deixa para lá – e na fração de segundo entre o tédio e o
ócio se encontra, se sopra e voilá!
Afora isso, sou poeta; guardo em
mim todas as almas do mundo.
Érica Prado tem 16 anos (ou não, depende de quando você vai ler isso), pretende cursar história, ouve metal e reclamações o tempo todo. Gosta de coisas fáceis tipo miojo e, portanto, não gosta da vida. Não, você não pode simplesmente gostar dos dois. |