Para uma pessoa que, até hoje, mesmo sendo muito irritante,
nunca me arrependi de ter conhecido: alguém especial.
nunca me arrependi de ter conhecido: alguém especial.
"Nunca se afaste de seus sonhos, pois se eles se forem, você continuara vivendo, mas terá deixado de existir". (Charles Chaplin)
O vento arrepiava a copa das árvores e um sorriso cansado se abria em meio ao rosto. Tinha o mundo nas mãos ou ao menos, achava que tinha. Ele era seu mundo, sempre fora. Mesmo nos momentos mais sombrios, permanecera sendo. A verdade, é que o amor não deixa cegas as pessoas, mas ele obscurece a visão de tamanha forma a não se enxergar o que não se quer ver.
De qualquer forma, era assim que se sentia antes dele: clichê, como este texto. Não era uma pessoa comum, era como um anjo bipolar, cujas memórias (sempre em tom azul saudosista) viessem-lhe a mente de forma abrupta; o impacto entre passado e futuro não representava choque algum para ela (arrisco-me a dizer que nunca representara, embora corra o risco de estar errado).
Mas tinha algo de especial dentro de si, trazia a marca de quem muito vivera, quem muito sabia, embora tão pouco aparentasse. Sua vida tão curta e efêmera não era o maior tesouro que trazia dentro de si, seus sonhos mais importavam do que o curto espaço entre o nada e o nada. Ela era uma sonhadora, assim como muitos outros, e só assim conseguia se manter viva nesse mundo insano. Os sonhos eram – e serão, enquanto viver – sua válvula de escape.
E eram sempre nesses sonhos que se perdia; rompia o limitar entre o real e o imaginário. Seu corpo se projetava para um lugar longe de toda belicosidade, de toda angústia ou lamúrias. Queria apenas viver em um mundo onde o ‘eu’ e o ‘você’ formassem ser uno; onde distâncias não existissem, onde barreiras fossem derrubadas pela mesma força que movimentava os pensamentos e os sonhos que sempre tivera. A vida real não tem graça alguma para sonhadores, não passa de um mundo lotado de pessoas completamente vazias, sem cor e, sobretudo, mortas por si mesmas.
A vida sempre fora o caos entranhado na ordem, uma confusão de outras vidas numa única. E nos sonhos, mesmo sendo diferente da realidade, isso é repassado para um novo plano e de novas formas. O ponto principal é que os sonhos permanecem ininteligíveis por muito, até que alguém ousado o suficiente, os transforme em realidade. Este é o caso desta narrativa.
— Esse mundo está inerte! Armas passaram a ser mais perigosas que ideias. O que nós queremos de fato, é que as ideias voltem a ser perigosas, isso me faria ter... — dizia ela deitada sobre a relva, fitando o céu.
— ... Faria-me ter orgulho, é, eu sei. Mas e a criança que você era, teria orgulho da pessoa que você é hoje?
— Nunca deixei de ser criança, você deve saber bem, por isso, não preciso ir muito longe para responder essa. Não tenho orgulho de viver nesse mundo, e creio que isso seja o suficiente, não em um mundo onde seres humanos estejam tão condicionados a viver e aceitar as imposições desse universo imperialista. Mas e você? Tanto pergunta sobre mim e do quê adianta? Pouco conheço sobre você...
— Você me tem nas mãos, pra quê saber mais? Faço parte de você, aqui. Mas não, ela certamente diria que não foi isso que combinamos.
— Sabe, nunca tinha pensado nisso. Quer dizer, tudo parece tão diferente visto assim, desse ângulo.
— Isso se chama devaneio, se chama sonho. É o que as pessoas fazem pra escapar do mundo. Sua única rota de fuga alternativa, ante a putrefação.
— Eu costumo sonhar, sempre sonhei. Estou sonhando nesse exato momento...
— Posso saber com o quê, senhorita? — riu-se.
— Nós dois, pensando no mesmo suspiro e do mesmo suspiro, duas luas se abrem. É, eu sei, não faz sentido algum... Esquece.
— Claro que faz! Sonhos não devem ser interpretados literalmente, ao menos nem todo, porém isso não significa que precisam ser ignorados.
— O mundo seria bem melhor se as pessoas sonhassem... Esse o meu sonho... — fechou os olhos como quem fizesse uma oração. As mãos repousaram na nuca, começava a navegar no mar do sono.
— O mundo seria bem melhor se as pessoas sonhassem... Esse o meu sonho... — fechou os olhos como quem fizesse uma oração. As mãos repousaram na nuca, começava a navegar no mar do sono.
O céu estrelado agora se estendia logo acima. Enquanto adormecia naquele mundo que somente lhe pertencia, teve o vislubre de duas luas nascendo em meio àquele mar de estrelas.
Assim nascia mais uma sonhadora no mundo, assim adormecia o mundo, perdendo assim o espetáculo que se passava na mente daquela garota. O mundo permanecia inerte, mas na mente daquela garota, ele ansiava por mudanças, cujas sementes já haviam sido plantadas naquela noite enquanto todos dormiam.
Gilson tem 15 anos, ama escrever prosa e narrativas. Tem um gosto por ser clichê e ser irônico boa parte do tempo. Escreve por um mundo melhor, ao menos, em sua mente. |