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domingo, 4 de novembro de 2012

A última dança


Conceda-me alguns minutos. Quero te contar, quero viver mais um pouco. Escute-me, se puder me ouvir. Não precisa falar nada, apenas ouça. 

Ouça o som que vem junto com essas palavras, ouça a música que emana(va) de nós dois. Sinta a sinfonia que se perde no espaço a cada passo que damos em direção ao fim. Simplesmente contemple. 

Veja cada pedaço que ficou pra trás, cada trecho da nossa música, cada passo da nossa dança que deixamos escoar passado adentro... Ouça! É a nossa música. É a nossa mente nos arrastando nos levando em direção um ao outro, caso contrário, de qual outra forma sentiria você tão próxima? 

Te eternizei. É verdade. Transformei você num refrão, a música que ecoava na minha mente. Toda poesia emanava do teu corpo, todo sorriso vinha de você e você vinha a cada sorriso. Mas algo se perdeu. 

O tempo te levou, minha Amie. Levou cada sorriso, cada olhar e creio ter levado boa parte de mim. O que restou foram apenas algumas fotografias, alguns sorrisos eternizados, alguns toques, apenas você. 

Posso sentir você tão perto, ouço mais uma vez a nossa música. A melodia que nos embalava e tudo parece tão distante... Tantos arrependimentos, Amie. Tantos! E tanto tempo que temi...

Meu silêncio deveria ter falado por mim durante todo esse tempo. Meus sorrisos deveriam indicar mais do que uma felicidade passageira, deveriam indicar um êxtase, um fantasiar, uma divagação qualquer. 

Mas sou um poeta, ao menos era. No fundo, não creio que os poetas saibam demonstrar sentimentos de maneira clara. Ou então seria eu apenas um errôneo em meio à contramão? 

E nossa música se encerra Amie. Posso dizer que vejo sua sombra se afastando? Um eco se dissipando junto ao encerrar da música dos violinos? Peço apenas que fique.

Sente-se ao meu lado como se não tivéssemos certeza de um amanhã. Volte a acreditar que o fim do século seja uma mudança pra você, pra mim... Apenas sente-se aqui, ao meu lado. Apenas permaneça. 

E então dançaremos. Como nunca dançamos antes a nossa música, meu refrão...

Sobre o Autor:
Gilson Santiago Gilson tem 15 anos, ama escrever prosa e narrativas. Tem um gosto por ser clichê e ser irônico boa parte do tempo. Escreve por um mundo melhor, ao menos, em sua mente.
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Comentários
1 Comentários

Um comentário:

João Saconi disse...

que lindo, Girso *-* Me trouxe mts coisas, não boas, mas trouxe KKKK

"Meu silêncio deveria ter falado por mim durante todo esse tempo." achei genial!