Conceda-me alguns minutos. Quero te contar, quero viver mais um pouco. Escute-me, se puder me ouvir. Não precisa falar nada, apenas ouça.
Ouça o som que vem junto com essas
palavras, ouça a música que emana(va) de nós dois. Sinta a sinfonia que se
perde no espaço a cada passo que damos em direção ao fim. Simplesmente
contemple.
Veja cada pedaço que ficou pra trás, cada trecho da nossa música, cada passo da nossa dança que deixamos escoar passado adentro... Ouça! É a nossa música. É a nossa mente nos arrastando nos levando em direção um ao outro, caso contrário, de qual outra forma sentiria você tão próxima?
Te eternizei. É verdade. Transformei você num refrão, a música que ecoava na minha mente. Toda poesia emanava do teu corpo, todo sorriso vinha de você e você vinha a cada sorriso. Mas algo se perdeu.
O tempo te levou, minha Amie. Levou cada sorriso, cada olhar e creio ter levado boa parte de mim. O que restou foram apenas algumas fotografias, alguns sorrisos eternizados, alguns toques, apenas você.
Posso sentir você tão perto, ouço mais
uma vez a nossa música. A melodia que nos embalava e tudo parece tão
distante... Tantos arrependimentos, Amie. Tantos! E tanto tempo que temi...
Meu silêncio deveria ter falado por
mim durante todo esse tempo. Meus sorrisos deveriam indicar mais do que uma
felicidade passageira, deveriam indicar um êxtase, um fantasiar, uma divagação
qualquer.
Mas sou um poeta, ao menos era. No
fundo, não creio que os poetas saibam demonstrar sentimentos de maneira clara.
Ou então seria eu apenas um errôneo em meio à contramão?
E nossa música se encerra Amie. Posso
dizer que vejo sua sombra se afastando? Um eco se dissipando junto ao encerrar
da música dos violinos? Peço apenas que fique.
Sente-se ao meu lado como se não
tivéssemos certeza de um amanhã. Volte a acreditar que o fim do século seja uma
mudança pra você, pra mim... Apenas sente-se aqui, ao meu lado. Apenas
permaneça.
E então dançaremos. Como nunca
dançamos antes a nossa música, meu refrão...
Gilson tem 15 anos, ama escrever prosa e narrativas. Tem um gosto por ser clichê e ser irônico boa parte do tempo. Escreve por um mundo melhor, ao menos, em sua mente. |