Esse
é mais um daqueles textos para ela. Você não sabe quem é ela e talvez nem ela
saiba, mas eu sei. Em geral os textos não são jogados no lixo, – tal qual joguei
este – meramente por não serem escritos, mas ai de quem diga que por isso não
são textos, terão filhos cinzas!
São
textos como quaisquer outros, com sua formatação, linhas e tons
imaginários. Sobre fatos que esqueceram
– e esquecerão eternamente – de acontecer. Em parte, é por isso que eu escrevo,
para que de certa forma eles tenham acontecido, ainda que nem eu acredite nisto.
Por
isso decidi passar todos esses textos não escritos em vida para esta humilde
coluna, na esperança de que alguém pense – de tanto eu dizer que é mentira – que são verdades o que ponho aqui, e se disponha a trata-las como tal. Teria então
meu eu verdadeiro morrido, mas o eu que nunca nasceu, e que eu sempre quis
vivo, sobrevivido.
E acabei não falando dela. Talvez, no final, dos meus dez
últimos textos, só dez sejam sobre ela, e não doze como eu acreditava ser.
Talvez, ou talvez. E, ainda que esteja escrito,
no final desta página dobrada – mas não rasgada – e posta no lixo, “Adilson
Soares”, jamais acreditem que fui que eu a escrevi. Do contrario, estas
memórias deixaram de ser sobre o eu não vivi...