Ando só, tropeçando em bares, em
olhares. Esbarrando em quinas, cruzando esquinas; procurando em cada curva, a
curva do teu sorriso. Trovo versos pra
te tirar da memória – minha memória tão fraca cujo ponto fraco é você. Mas, nessa
valsa tão falsa, acabo te eternizando. Você me faz esquecer tudo, exceto
você.
Solto gargalhadas pra ver se elas
fazem todo o amor dormido descer garganta abaixo. Rio das minhas lágrimas pra
ver se meus risos curam toda a ressaca dos teus amores. Choro e rio. Choro
rios.
Meus olhos falam o que engulo.
Apenas rio. Rio e rabisco minha dor num papel amassado. Guardo no bolso com
minha vida porque, afinal, você está nele, de certa forma. Caio e sonho. Caio
em sono na calçada; vejo algumas coisas turvas; me perco em olhares, mas nenhum
deles é o teu. Mordisco nuvens, mas sem te ter, tudo tem gosto de tempestade.
A última vez que fiquei na
tempestade foi a última mesmo. Foi no dia em que você foi embora; tua
(in)tempestade me molhou todo de lágrimas, me jogou de um lado para o outro
como um barco no teu mar. Perdi-me e não sei bem ou mal, mas devo ter me
afogado. Nunca soube nadar na tua correnteza. Acho que no fim, sempre quis me
afogar. E me afoguei. Afoguei em lágrimas. Apaguei, como o fogo que não resiste
à corrente de águas que tudo apaga e transforma em cinzas. Apaguei. Tal qual
nosso amor.